A uma semana do segundo turno da eleição presidencial na Argentina, a principal conferência latino-americana de bitcoin e tecnologia blockchain – Labitconf 2023 – reuniu em Buenos Aires partidários e apoiadores do candidato de ultradireita Javier Milei, que aparece empatado com o governista Sergio Massa, atual ministro da Economia, nas pesquisas.
O tema das eleições foi de longe o mais discutido nos corredores e mesmo nos três palcos do evento, juntamente com o bom momento de mercado para a maior das criptomoedas, que acumula uma valorização de 120% em 2023. A conferência, que reuniu cerca de 9.000 pessoas, começou na última quinta e terminou neste sábado em Buenos Aires.
Entre os palestrantes esteva Diana Mondino, economista da Universidade Cema (Ucema), apontada como possível nome de Milei para o Ministério de Relações Exteriores, que arrancou aplausos da plateia de entusiastas das moedas digitais ao criticar a política restritiva do Banco Central argentino de proibir os bancos locais de negociar criptomoedas.
“Vocês chamam eles de príncipes”, disse ela se referindo aos abusos das figuras de poder da obra “O Príncipe” de Nicolau Maquiavel. “Para mim, são todos corruptos apenas”, disse Mondino.
Na mesma mesa, que discutia “Cenários Monetários da Argentina em 2024”, estavam ainda Alfredo Roisenzvit, também da Ucema e da gestora Moonquant Capital; Agostín Etchebarne, dada Fundacion Liberdad y Progresso; e Fausto Spotorno, da Escola de Negócios Uade – todos de tendência liberal, críticos ao atual governo de Alberto Fernández e da política de controle cambial do país.
Uma das poucas vozes dissonantes no evento foi a de Guillermo Maslaton, antigo trader de renda fixa e que até o ano passado foi apoiador de Milei. Maslaton, que hoje tem uma empresa de criptomoedas, decidiu apoiar Massa por discordar com várias das propostas de Milei e considerar seu projeto de dolarização e de extinção do banco central inviáveis técnica e politicamente. Maslaton esteve na conferência, mas não participou de nenhuma mesa oficial de debate.
“Milei é um louco e estamos todos com medo de suas ideias malucas. Com exceção de alguns ultraliberais, que se dizem libertários, ninguém entre os empresários e mesmo do mercado financeiro o apoia”, disse.
Rodolfo Andragnes, organizador do evento, afirma que a conferência não segregou palestrantes de acordo com preferência política ou ideológica, mas reconhece que a maioria dos speakers presentes estavam mais sintonizados com as propostas econômicas liberalizantes de Milei. Ele disse que busca sempre trazer palestrantes com conhecimento da indústria de criptoativos e que tenha o que dizer para esse público.
“Não é uma questão política, é questão da mensagem para o público de bitcoin. Os liberais têm certos princípios que vão de encontro às propostas do bitcoin de liberdade econômica, financeira, de transparência das criptomoedas”, disse. “Nos adaptamos este ano à agenda política local e internacional”, disse.
* o jornalista viajou a convite da OKX
