Lumina assume fatia de quase 25% do Credit Suisse na Verde | Finanças

Lumina assume fatia de quase 25% do Credit Suisse na Verde | Finanças

A compra de uma fatia minoritária da Verde Asset Management pela Lumina Capital Management, de Daniel Goldberg, é um passo rumo à diversificação da casa liderada por Luis Stuhlberger que outras assets tradicionais já deram nos últimos anos. O gestor, um dos ícones do setor no Brasil, está à frente do multimercado Verde desde 1999, primeiro na Hedging-Griffo, depois debaixo do Credit Suisse (CS) e, a partir de 2015, sob estrutura independente, com o grupo suíço permanecendo com quase 25% do negócio.

É essa parcela que a Lumina vai assumir, após negociar, primeiro, com o Credit Suisse, e depois, com o UBS, que selou a compra do rival globalmente, num casamento arranjado pelas autoridades suíças num fim de semana em março, após o Credit Suisse sofrer uma crise de confiança e uma onda de saques.

O negócio dos titãs acabou atrasando a operação da Lumina com a Verde, que teve que trocar de porta-voz no meio do caminho. No início das conversas, o CS poderia ficar com uma parcela remanescente na Verde, mas a decisão agora foi sair totalmente do negócio, segundo fonte a par da transação.

A Verde é reconhecida pela estratégia macro do seu principal multimercado, mas também tem na grade fundos de ações e de previdência. A sociedade com a Lumina a coloca no universo dos investimentos alternativos, em crédito estruturado e situações especiais, campo em que Goldberg transita com destreza.

Nas redes sociais, a Verde anunciou o acordo “com grande satisfação e muito animados com o que iremos construir em conjunto”, escreveu. “A operação junta dois dos mais respeitados times de gestão do país, da Verde e da Lumina, complementares em suas expertises macro, ações, crédito estruturado e special situations na América Latina. Com isso, visamos aprofundar e expandir nossas estratégias de investimento e produtos.” As gestoras continuarão atuando de forma independente e com marcas separadas.

Lá fora, o Credit Suisse Asset Management International Holding Ltd. anunciou a venda de sua participação minoritária na holding Verde Empreendimentos e Participações S.A. para a Lumina Capital Management. “O UBS Global Wealth Management manterá seu relacionamento histórico e de sucesso com a Verde Asset Management, oferecendo os fundos da Verde aos seus clientes brasileiros”, diz o texto. O valor da transação não foi revelado.

Foi em 2015, quando acabou o prazo de “não competição” de Stuhlberger com o CS, que o gestor selou a fundação da Verde como é conhecida hoje. Pelos termos do acordo à época, o time da nova casa, que se desplugava do Credit Suisse, ficou com 75,1% da sociedade, com o banco ficando com a parcela restante.

Os principais nomes na hierarquia são o próprio Stuhlberger e o seu discípulo desde os tempos de Hedging-Griffo, Luiz Parreiras, que toca outros multimercados e as estratégias de previdência, que respondem por boa parte do passivo. Elmer Ferraz, vindo da Itaú Asset, no fim do ano passado, assumiu a carteira de ações e Pedro Sales deixou a gestora.

O casamento com a Lumina cumpre o papel de aprofundar a atuação no segmento de crédito, algo que Parreiras já vinha explorando e incluindo nos multimercados — o episódio das inconsistências contábeis na Americanas chegou a machucar, mas a exposição não foi alta a ponto de comprometer os resultados dos fundos no início do ano.

A Verde chegou a reunir R$ 55 bilhões em 2021 em ativos sob gestão, mas não passou ilesa à onda de saques dos fundos de maior risco em meio às sucessivas altas da Selic. Ao fim de setembro, a gestora tinha quase R$ 26 bilhões, enquanto a Lumina aparecia com R$ 3,4 bilhões, segundo dados da Anbima, que representa o mercado de capitais e de investimentos.

Assets como a SPX, de Rogério Xavier, e a JGP, de André Jakurski, já vinham explorando estratégias fora dos seus multimercados, que fizeram a fama dos gestores, e de outros fundos líquidos. A SPX assumiu as operações no Brasil e levou a equipe do Carlyle para estrear em private equity, e com a CCP criou uma “joint venture” para a oferta de fundos imobiliários. A JGP comprou neste ano uma butique de fusões e aquisições, vai estrear na gestão de fundos imobiliários e a área de crédito estruturado já é uma peça importante no seu negócio.

Luis Stuhlberger, CEO e CIO da Verde Asset — Foto: Anna Carolina Negri/Valor

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